domingo, 21 de fevereiro de 2016

Carta: "Guardiã do Coração de Gelo"

Série "Cartas Perdidas", Nº 17


Nazário/GO - 26 de Agosto de 1996


Quando eu passei por lá eu sabia que seria inevitável. Inevitável mesmo porque seria bobagem. Mas deixei me levar.

"Tu que viestes de longe, enfrentastes muitas batalhas, que derramaste teu sangue por essas terras, numa terra imaginária ou real. Tu que roubaste meu olhar de uma vez por todas."

Foi você.

Dos cabelos tão negros quanto o céu sem lua, e da pele tão branca quanto leite, você que exala a fragrância de um amor inabalável, eu sabia desde o início.

Nem vou dizer o que tanto já foi dito, mas devo fazer uma última colocação pertinente.

Você ostenta um título, a "Guardiã do Tesouro", sim isso é inevitável e você levará pra sempre esse título, e ele irá junto com você para seu túmulo em um dia longínquo. 

Ora, faz muito sentido, porque eu fico tentando imaginar qual é o Tesouro.

Ele nada mais é que o Coração de Gelo. Criogênico, nefasto, maligno, destruidor de almas. Algo deveras pior do que tem dentro da Caixa de Pandora, porém é considerado assim um "tesouro."

Agora eu entendo, o tesouro que você têm guardado durante tanto tempo, apesar de ser o Coração de Gelo, pra mim sempre foi um tesouro, pois sempre o quis, independente de como... seu coração.

"O fio da sua espada me fere a carne. Seu olhar me fere a alma."

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