Série "Reflexões Pessoais", Nº 27
Por muitas vezes eu olho para certa
pessoa muito próxima a mim, que goza do meu amor, e fico angustiado pela
infelicidade que é a sua vida. Já tentei negar esta realidade como uma forma
patética de ser poupado da dor. Mas a verdade é que ao fazer isto jogo fora
toda a tremenda oportunidade que tenho de aprender com os seus erros e subtrair
um bom juízo de valor para a minha própria vida. Como disse Victor Franklin a
respeito de uma das principais perguntas da filosofia, qual é o sentido da
vida: “encontrar um sentido no sofrimento é conformá-lo a um determinado fim,
transformando uma situação adversa numa realização pessoal, fazendo de uma
tragédia um triunfo pessoal. Mas para isto devendo saber aonde quer chegar”.
Como já sei aonde quero chegar, reduzir a probabilidade terrível de terminar os
meus dias em situação similar a dela, este texto é um rompimento pessoal com o
expediente da negação e uma forma de compartilhar as quatro boas lições que
aprendi.
Primeira lição: jamais deposite
em um terceiro a responsabilidade pela sua felicidade. Seja ele o seu filho,
seu cônjuge, seu ascendente ou qualquer outro. O maior responsável por você
sempre será você mesmo e quem não ama primeiramente a si não tem os meios
necessários para amar ninguém mais. Apesar de não existirem fórmulas infalíveis
para se viver bem, diante do caráter altamente subjetivo deste propósito,
existem maneiras bem notórias de seguir no caminho exatamente oposto. Colocar
qualquer mortal que seja como o centro gravitacional da sua vida é uma delas.
Segunda lição: a maneira mais
fácil de fracassar na vida é achar culpados para as coisas que não deram certo.
Afinal é impossível ser bem sucedido sem promover o auto-aperfeiçoamento
através da correção de atitudes e uma pessoa que sempre culpa os outros acabará
por se condenar à estagnação por causa, justamente, dos seus erros
terceirizados. É claro que seria de um materialismo abjeto relacionar o sucesso
na vida à existência de posses e dinheiro, sendo muito mais eficiente averiguar
a satisfação que cada pessoa tem para com a sua própria realidade. Por meio
desta prática fica fácil perceber que, invariavelmente, as pessoas fracassadas
costumam ter uma face carregada, triste e, por vezes, agressiva para com o
mundo, pois este sempre terá errado para que ela permaneça isoladamente como
única pessoa certa no universo, bem como trilhando o perigoso e
contraproducente caminho da própria comiseração.
Terceira lição: nem todo mundo
que te ajuda é seu amigo. Na vida existem algumas pessoas dispostas a ajudar o
próximo não por benevolência, mas sim para cobrar a preço de ouro até o auxílio
mais irrelevante que prestaram. Como um contrato assinado com o diabo, nada
menos do que a própria alma dos seus auxiliados poderá satisfazê-las. Portanto,
ao meu ver, só existem três condutas dignas a se fazer perante gente dessa
laia: rezar para que Deus as ajude, denunciar categoricamente os seus próprios
engodos e evitar, ao máximo, cair em suas chantagens. Nem que para isto o
sujeito tenha que carregar pelo resto da vida o injusto epíteto de pessoa
ingrata.
Quarta lição: existem pessoas que
estão acima de qualquer ajuda. Elas, obstinadamente, vão escolher a opção
errada todas as vezes e por mais que queiramos auxiliá-las continuarão
prejudicando a si mesmas, como também aqueles que lhes são mais próximos. Se
debruçar em demasia na tentativa de resgatá-las é como aproximar-se de um
buraco negro pronto para sugar e destruir qualquer objeto que se aproxime do
seu horizonte de eventos. Consequentemente a conduta razoável que deve ser
tomada diante de tão capciosa situação é a de ajudar sem se comprometer. Abrace
a sua cruz sem deixar que ela te mate, pois permitir que a pessoa que você ama
destrua a sua vida é pura e simplesmente falta de amor próprio. Isto feriria
frontalmente a primeira lição exposta neste texto. Uma das poucas causas pela
qual realmente vale a pena morrer é a do Homem Perfeito que carregou A Cruz
pela salvação de toda a humanidade.
A vida é uma sucessão de batalhas, lutas, dificuldades e muitos outros desafios, não há um só ser humano neste mundo capaz de viver durante seu curto período de existência sem ter, pelo menos uma vez, momentos de turbulência, daqueles que para quem os presencia, parece ser o fim da linha.
ResponderExcluirA sensação de paz é um atrigo de luxo, quase impossível e quando a sentimos, é algo temporário ou apenas um sinal de que pior pode acontecer. Considero a paz em si, privilégio dos mortos, somente eles são vizinhos do sossego e da
tranquilidade, mas para os vivos, é algo complexo, mesmo que não seja desejo dos seres humanos, constantemente todos são acometidos por momentos de tormenta.