Série "Cartas Perdidas", Nº 34
Sim, sempre notei seu profundo ceticismo à minhas investidas
tímidas, de forma ainda que subliminar.
Sempre percebi o caminho inevitável que se tornou esse lugar. Essa maldita capital! Essa cidade que simplesmente me tornou um enorme beco sem saída, tanto
pessoal como profissional.
Notei que a melancolia do asfalto quebrado e malcuidado
dessas ruas não eram à toa, refletiam o céu, que estava praticamente da mesma
cor das tão sofridas ruas e vielas triste desse pedaço esquecido de mundo.
“Mas com você era diferente!” Será?
Nunca foi nada além de ilusão atrás de ilusão... nossa
grande e curta ilusão, ou poderia dizer só minha? Somente e unicamente a minha
ilusão? Só uma visão à longo prazo de algo impossível?
Seu sorriso era apenas virtual? Ou real? Ou uma mistura dos
dois, uma mistura profana dos dois mundos que na verdade é um só?
É você, e sim, fantasiei demais.
Pra coroar esse enorme bolo com uma pequena cereja, fingi
ser um grande piadista, fazendo gracejos, fingindo ser uma mistura de “Don Juan”
com “Mark Darcy” em alguma comédia romântica idiota de baixo orçamento e
bilheteria pior ainda de Holywood...
Sim, resultados previsíveis, suas respostas vagas, prolixas, esquivantes e tão profundas como uma poça de água, são o mínimo esperado de uma paixão rápida esquentada em um micro-ondas em um final de semana qualquer, muito embora pra mim teria sido real, teria te amado assim com a mesma intensidade que os personagens idiotas do filme, mas na vida real, e de verdade, com força e intensidade!
Te amaria com todas as forças que escrevi nesse papel e te amaria com todas as forças que atravessei o país inteiro pra poder só te dar um "bom dia", o qual nunca pude te dar por pura distração minha".
Te amaria!
Sem nenhuma dúvida!